resenha

172 Horas na Lua – Johan Harstad

24 nov 2015
Informações

172 horas na lua

johan harstad

novo conceito

série ---

288 páginas | 2015

3.25

Design 4

História 2.5

O ano é 2018. Quase cinco décadas desde que o homem pisou na Lua pela primeira vez.

Três adolescentes comuns vencem um sorteio mundial promovido pela NASA. Eles vão passar uma semana na base lunar DARLAH 2 – um lugar que, até então, só era conhecido pelos altos funcionários do governo americano.

Mia, Midore e Antoine se consideram os jovens mais sortudos do mundo. Mal sabem eles que a NASA tinha motivos para não ter enviado mais ninguém à Lua.

Eventos inexplicáveis e experiências fora do comum começam a acontecer… Prepara-se para a contagem regressiva.

Design

Caraca, 172 Horas na Lua tem um projeto gráfico bastante perturbador. Vai me dizer que esse olho com a paisagem desértica da lua não te incomoda?! Ficar olhando para ele enquanto escrevo essas considerações foi, no mínimo, estranho. Pessoas, tem um ser escuro na superfície da lua sem roupas protetoras andando atrás de um astronauta. Dentro de um olho gigante! Por favor, É PERTURBADOR!

Pena que fora a imagem, que continua sua tarefa de incomodar a gente na quarta capa e na lombada, toda a parte tipográfica deixa a desejar. Achei que acabaram escolhendo famílias com pouca presença na capa, e essa cor verde em 172 horas… Era para ser um texto de computador em um monitor de fósforo? Não tem impacto, não combina com o incômodo que a imagem passa.

matrix

Pelo menos o miolo salva. E salva bem. A começar pela falsa folha de rosto com uma chapada de preto em uma página e uma imagem da superfície da lua no verso. Acho estranho chamar o sumário de índice, aprendi que eles vinham no final do livro, mas ok, a arte dessa parte também é legal.

As aberturas de parte são bem legais, com um fundo de estrelas, o número gigante e o título. As aberturas de capítulo também são bonitas, com 2/3 da página ocupado também por um fundo de estrelas e o título. O texto é muito legível em uma fonte serifada agradável para a leitura e uma ocupação na página muito equilibrada, com boas margens. Meu único porém é que as páginas não tem cabeçalho, mas o resto do projeto compensa.

Ao longo do livro existem muitas inserções de fotos, diagramas, mapas, como forma de ajudar o leitor a montar o contexto e ambiente em que os personagens estão. Gostei do resultado final do livro.


História

Uhn… tá, ok. Não entendi. Não entendi a motivação, não entendi as tentativas de suspenses e terror, não entendi o final. Então, não entendi 172 Horas na Lua. ¯\_(ツ)_/¯ No geral, a sensação foi a mesma que tive ao terminar Os Três, muita frustração e inquietude.

Tive a impressão que o autor juntou vários pedaços de ideias para montar a história, mas não consegui entender o propósito do livro como um todo.

Assim, desde 1972 não são feitas mais missões lunares. Custo, falta de interesse do público, outras perspectivas de estudos científicos, quem vai entender as motivações da Nasa? Bem, a proposta do autor é que existe algo na superfície da lua e é por causa desse algo que não foram mais feitas missões. E que a Nasa, para justificar mais uma, vai envolver jovens adolescentes, para atrair mídia e investimento. A intenção é descobrir se o que quer que fosse que existia ainda está por lá, e para disfarçar dizem que a missão é para buscar metais raros no satélite. Eu particularmente duvido muito que isso fosse uma coisa feita por uma instituição como a Nasa… misturar adolescentes em uma situação de alto risco. Mas, né, continuando.

Boa parte do começo do livro é mostrando os três adolescentes que serão, obviamente, escolhidos para a viagem. Mia (norueguesa) é a adolescentes revoltada com a família, só quer ficar com sua banda e não liga muito para os estudos. Ela não tem nenhum interesse em ir para lua mas seus pais a inscrevem no sorteio mesmo assim. Antoine (francês) está tentando se recuperar de um rompimento sofrido de namoro (stalkeando a namorada com binóculos da torre Eiffel, muito saudável) e acredita que se inscrever para a viagem à lua é uma forma de se distanciar dos seus problemas. Midori (japonesa) quer “fugir” do Japão e da sua família, vê a missão como uma oportunidade de se tornar famosa, e ao retornar da lua pretende ficar em Nova York.

Tipo, tudo bem, é uma loteria, que vai selecionar os jovens mas que depois vai ser aprovada ao analisarem se os adolescentes estão aptos física e psicologicamente para a tarefa. Mas sério que esses são os melhores representantes de milhões de adolescentes do planeta Terra para irem para lua? Putz…

Facepalm - Chris Tucker

Metade do livro é a contextualização da vida dos três, o resultado do sorteio e a ida para os EUA para o treinamento para serem astronautas. Ao mesmo tempo, o autor mistura situações inquietantes, que dão a entender que ir nessa missão não é uma coisa muito boa. Momentos “cagaço se prepara que aí vem o terror”. Mas o autor não perde tempo mostrando os três meses de treinamento propriamente dito. Para o leitor fica parecendo que os adolescentes são bonzões e estão só fazendo um passeio pelo espaço.

Um problema também de não mostrar a parte em que eles são preparados é que fica difícil de comprar a interação dos adolescentes com os astronautas adultos. Para mim, ele simplesmente se encontraram no dia da decolagem e ficou todo mundo de “boas” e estamos prontos para ser uma equipe unida. Não existe stress e tensão entre os personagens. Não existe nem interação entre eles direito também… =/

De resto, o livro é muito parecido com qualquer filme de espaço que esteja misturado com horror que você já possa ter visto. O que isso significa? Vai dar ruim. Seguidamente. É notável nesta parte que o autor tem uma preferência por Mia e obviamente ela vai se tornar a heroína da história. Uma adolescente, de 16 anos, no espaço, sem treinamento. Ok. Então, tá.

Um outro POV que apareceu ao longo da história também me irritou um pouco. Ele acompanhava um senhor idoso em uma casa de repouso. O senhor com algum tipo de demência em estado avançado de alguma forma estava envolvido em projetos da Nasa que sabiam da existência do perigo na lua. Então os capítulos dele só serviram para me dizer que o vovô sabia alguma coisa e não pode contar para ninguém, porque a vida é assim. Cheia de segredos, daqueles que matam.

Agora, sobre o terror. As partes em que o autor se propõem a assustar o leitor são bem construídas, uma evolução de tensão psicológica bem interessante. Funcionou comigo porque ao mesmo tempo que eu estava me borrando de medo não conseguia parar de ler. A possibilidade de que a lua possa ser o inferno é um tanto quanto perturbadora. Mas se você espera uma explicação para motivação do “bicho mau” ou do porquê da existência dele, você não vai ter.

A construção do clímax foi muito corrida, muita informação jogada no leitor, uma forçação de barra na perseguição e suspense do “monstro” e dos sobreviventes, e uma cena importante com uma descrição falha para uma tentativa de plot twist final que não me agradou. Acho que o pior foi o final aberto e um epílogo que não faz sentido com a implicação que fica nos últimos parágrafos do último capítulo.

Mas uma ponta que ficou solta e me incomodou demais foi uma carta que o irmão mais novo de Mia escreve para ela, e nunca foi lida. Acredito que provavelmente ele deve ter avisado que ela ia morrer, mas o autor simplesmente deixa a carta para lá. Para mim fez falta.

Frustrante, decepcionante, lento do início até o meio, corrido para inserir a questão do suspense e do terror, e um final inexplicável. Méh, provavelmente eu não sirvo para ler livros de “terror” e suspense sem explicações.


Até a próxima! o/

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