resenha

Beta – Rachel Cohn

3 jul 2014
Informações

beta

rachel cohn

id

série annex #1

288 páginas | 2014

3.5

Design 4

História 3

Em um mundo construído com perfeição absoluta, a imperfeição é difícil de entender e impossível de esconder. Elysia é um clone, criada em laboratório, nascida como uma garota de dezesseis anos, um vaso vazio, sem experiência de vida para se basear. Ela é uma Beta, um modelo experimental de clone adolescente. Ela foi replicada a partir de outra adolescente, que morreu para Elysia ser criada. O propósito de Elysia é servir os habitantes de Demesne, uma ilha paradisíaca para as pessoas mais ricas do planeta. Tudo em Demesne é uma perfeição em bioengenharia. Até o ar induz à uma estranha euforia que somente os trabalhadores da ilha—clones sem alma como Elysia—são imunes a ele. Inicialmente, a nova vida de Elysia nessa ilha é idílica e mimada. Mas logo percebe que os humanos de Demesne, as mais privilegiadas pessoas do mundo, anseiam. E percebe que debaixo do exterior impecável, há uma corrente de descontentamento entre os clones. Ela sabe que não tem alma e não consegue sentir e se importar—então por que tudo as sensações estão turvando a mente de Elysia? Se alguém descobrir que Elysia não é o clone insensível que finge ser, ela sofrerá um terrível destino, doloroso demais para se imaginar. Quando a única chance de felicidade de Elysia é arrancada dela com uma crueldade de tirar o fôlego, as emoções que sempre teve, mas nunca entendeu, são desencadeadas. Quando a raiva, o terror, e o desejo, ameaçam dominá-la, Elysia deve encontrar a vontade de sobreviver.

Design

Assim que peguei em Beta tive a impressão que meu livro tinha vindo com defeito, porque a capa estava toda rajada e manchada de lilás. Mas não se preocupem, a arte é assim mesmo. Não consegui entender muito bem qual foi o propósito do efeito mas foi tão inesperado que me agradou. Apesar de a modelo ter que representar um exemplar de extrema beleza humana, desculpem-me, mas não consegui gostar muito do resultado final na capa. Não achei os traços leves e harmônicos e chega a dar uma sensação de que foi uma má escolha para representar Elysia, por mais que tenham incluído a tatuagem e os olhos púrpuras digitalmente.

Gostei do trabalho das fontes na capa, mas preferia que o título tivesse sido escrito com a mesma do nome da autora. Tenho visto muitas editoras investindo em chapadas de cor na parte interna do livro, e acho que Beta merecia um trabalho desses também. Talvez uma chapada de lilás e marcas d’água com o símbolo da tatuagem de Elysia cairiam bem para criar uma identidade interna.

Já li alguns livros da iD nos últimos meses e o trabalho feito neste miolo é um dos melhores até o momento. A entrelinha do corpo do texto continua aberta demais para o meu gosto pessoal, mas todo o resto da construção do projeto gráfico ficou muito bonito. As aberturas de capítulo misturam uma marca d’água da tatuagem de Elysia, que é um grafismo relativamente floral e feminino, com numerais e a primeira frase da página em uma fonte que remete a coisas robóticas e digitais. A fonte do miolo parece a mesma que costuma ser utilizada para todos os livros então a legibilidade e encadeamento de palavras está adequado e agradável.

Além disso, o  miolo também tem cabeçalho e rodapé na mesma fonte “robótica”, e quando o assunto muda dentro de um mesmo capítulo, o projeto tem um marcador de separação de conteúdo que é o floral utilizado por todo o projeto gráfico. Pena que o espaço entre ele e as frases seja um pouco apertado. Merecia uma arejada maior para melhorar o posicionamento entre o texto.


História

Vou começar a resenha pedindo para você, leitor, ver esse short video aqui embaixo primeiro. Não se preocupem, é rapidinho. ^.~

OK, já viu? Você se envolveu com a criação da Kara? Se sentiu tocado por sua situação quando ameaçada? Criou vínculo com a personagem? Porque eu senti isso tudo, em um pequeno vídeo de apenas 7 minutos. Acontece que Elysia, a personagem principal de Beta, não conseguiu fazer em 288 páginas o que Kara fez em seus parcos 7 minutos.

Apesar da premissa interessante que Rachel Cohn tenta criar em sua distopia, Beta não chega nem a arranhar as possibilidades do conceito de clones e se eles possuem ou não almas.

Acredito que um dos problemas é o narrador em primeira pessoa. Não funcionou para mim estar na mente de Elysia. Eu preferiria muito mais um narrador onipresente/onisciente me contando as alterações que acontecem com a personagem do que “ouvir” os seus pensamentos.

Isso porque ao invés de se questionar sobre coisas realmente interessantes para o leitor (eu, no caso) como o que foram as Guerras das Águas, onde estão e quais são as cidades fora da ilha paraíso de Desmene ou até um questionamento mais profundo de “consciência da/na máquina”, Elysia é só uma adolescente com os hormônios à flor da pele.

headdesk

E bota hormônios e adolescente nisso! Uso de drogas, palavrões e insinuações sexuais acontecem o tempo todo, por isso fiquei na dúvida sobre que classificação dar para o livro. Ele é basicamente para jovens adultos, mas existem momentos que os assuntos tratados, ou a forma como são apresentados, são voltados para um público mais maduro. Acabei deixando 14 anos, mas não tenho muita certeza, ou firmeza, se é a decisão mais correta. =/

Para colocar a cereja no bolo do “livro errado”, a autora ainda cria um triângulo romântico de “conveniência” no final do livro, que acaba virando um quadrado, que só deve ser resolvido no próximo volume. Pelo menos no último momento do último capítulo a autora joga uma bomba na cabeça do leitor e consegue criar uma certa curiosidade pelo próximo livro da série.

Mas para mim não passou de uma mera curiosidade. Talvez o problema foi a expectativa que criei de um sci-fi questionador e que nem arranhou o que eu esperava. Além de ter que alcançar a imagem que eu tenho de como clones robóticos-sem-alma deveriam agir. Mesmo que em algum momento eles se tornem defeituosos e contestem suas programações originais.

Eu, robô

Boas referências de evolução de seres criados (clones, androides, robôs) que adquirem consciência são os dos filmes O Homem Bicentenário e Eu, Robô. Talvez eles tenham moldado este tipo de personagem na minha cabeça e “atrapalhado” meu envolvimento com Elysia. =/


Até a próxima! o/

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1 comentário

  • Responder Acantis 8 jul 2020 at 23:19

    Também li o livro e tive grandes expectativas no começo, pois jamais havia lido algo voltado para clonagem e na possibilidade de o clone desenvolver emoções. Acontece que não deu pra acompanhar essa evolução porque a personagem desde o princípio demonstrou ser quem realmente é: uma adolescente. Enquanto a Elisya ficava presa em seus dramas juvenis, sem interesse de descobrir coisas sobre si própria e o mundo que a rodeia eu revirava os meus olhos em casa. Não amei o livro, mas achei a leitura fluida e interessante até certo ponto. Em minha opinião, trata-se mais de um romance juvenil em um futuro distópico, do que um bom exemplar de ficção científica. Ele entretém sim, é legal, mas não ideal para amantes de enredos complexos.

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