resenha

Mago Aprendiz – Raymond E. Feist

23 jan 2014
Informações

mago aprendiz

raymond e. feist

saída de emergência

série a saga do mago #1

432 páginas | 2013

4.25

Design 4

História 4.5

12

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Na fronteira do Reino das Ilhas existe uma vila tranquila chamada Crydee. É lá que vive Pug, um órfão franzino que sonha ser um guerreiro destemido ao serviço do rei. Mas a vida dá voltas e Pug acaba se tornando aprendiz do misterioso mago Kulgan. Nesse dia, o destino de dois mundos altera-se para sempre. Com sua coragem, Pug conquista um lugar na corte e no coração de uma princesa, mas subitamente a paz do reino é desfeita por misteriosos inimigos que devastam cidade após cidade. Ele, então, é arrastado para o conflito e, sem saber, inicia uma odisseia pelo desconhecido: terá de dominar os poderes inimagináveis de uma nova e estranha forma de magia… ou morrer. Mago é uma aventura sem igual, uma viagem por reinos distantes e ilhas misteriosas, onde conhecemos culturas exóticas, aprendemos a amar e descobrimos o verdadeiro valor da amizade. E, no fim, tudo será decidido na derradeira batalha entre as forças da Ordem e do Caos

Design

A Saída de Emergência começou sua “vida” aqui no Brasil com o pé na porta, mostrando a que veio com uma capa “toda trabalhada” na fantasia. Uma ilustração que abraça totalmente a capa e que possui focos de informação nas áreas em vermelho (mas que de certa forma parece um spoiler do futuro da história :D).

A fonte do título que lembra um pouco a tradicional Trajan, que costuma ser utilizada para passar uma sensação de coisas épicas, já que é uma derivação da fonte presente na coluna de Trajano, em Roma. Foi uma boa escolha e o peso que ela confere, junto com a cor vermelha sobre um fundo quase monocromático de cinza, quase rouba a atenção do homem sobre o telhado.

Ainda na capa, a lombada é uma beleza à parte. O projeto foi cuidadoso ao colocar a marcação de número do volume e ainda criar uma identidade com um “enorme” M para você identificar que é o livro do Mago que você está olhando na estante.

Meu exemplar veio com um poster do mapa de Midkemia encartado (e espero que todo mundo que compre o livro ganhe um também), mas por mais que isso seja um agrado para o leitor, na prática não é nada prático. O livro não tem uma representação do mesmo mapa no miolo, então durante a leitura eu não sabia realmente para onde os personagens estavam indo. Só podia ver o percurso que eles tinham feito quando chegava em casa e ia analisar o mapa. A ideia foi boa, mas eu precisava que ele também estivesse no livro.

O miolo tem todo um cuidado que achei muito bom. Na falsa folha de rosto está impresso um trecho de uma parte do livro para você experimentar o estilo de narrativa do autor. As páginas seguintes vem com uma chapada de preto e o manifesto da coleção Bang!. Na folha de rosto o nome do livro e todas as informações estão em letras minúsculas, um contraponto com a capa em que quase todo o conteúdo está em caixa-alta. E fechando essa parte pré-textual, um sumário com os nomes e números dos capítulos.

O miolo é bonito, mas eu esperava um pouco mais do resultado final. Tem uma boa ocupação da mancha na página e margens equilibradas, mas não tem marcação de cabeçalho com o título/nome do autor. Eu particularmente gosto muito quando o projeto gráfico prevê essas informações, que não necessariamente precisam estar no cabeçalho, mas prefiro quando elas simplesmente estão presentes (fica mais fácil de saber o título do livro que a pessoa que está lendo no metrô).

A fonte usada é grande, que vocês já sabem que não é minha preferência, tem legibilidade apesar da entrelinha ligeiramente apertada e com isso deixa uma mancha muito escura na página, com pouco arejamento entre os parágrafos.

No fim das contas ele cumpre a função de ser correto e legível, mas sem um trabalho gráfico mais apurado ou detalhado nas páginas e aberturas de capítulo.


História

Me surpreendi com algumas coisas em Mago Aprendiz. Por se um livro relativamente “recente”, a versão que estamos lendo é a “do autor” revista e ampliada, achei impressionante o quão moderna e atual é a linguagem dos personagens. Não que eles usem gírias, mas a forma como a narrativa é construída é tão ágil e dinâmica que perde um pouco aquela impressão de um livro sério e levemente engessado que algumas histórias de fantasia às vezes têm.

Outra coisa que eu gostei muito é que o livro não é voltado só para o público masculino. O autor investe em romance, e em um certo triângulo amoroso entre o personagem principal, a princesa de Crydee e o escudeiro real. Não é sempre que se vê um história de fantasia em que o autor “perde tempo” descrevendo os sentimentos amorosos de seus personagens, como seus corpos são afetados pela presença física de seu interesse romântico, nos pensamentos nada corretos enquanto se está muito próximo de quem se gosta… Me ganhou, e muito, só por ter esse “pequeno” diferencial.

De certa forma, o livro não passaria na Bechdel Rule, porque não tem uma presença feminina propriamente dita, além da princesa e da rainha dos elfos, mas mesmo assim, dos livros de fantasia que li nos últimos tempos, acredito que seria o que mais agradaria as meninas. O foco da construção da história não é só a jornada dos personagens, mas existe também uma preocupação com o indivíduo e sua evolução pessoal. Afinal Pug (sério, este nome é muito infeliz… eu sempre lia pulga) e Tomas são adolescentes (mesmo!) que no começo do livro encaram escolhas que vão definir toda a sua vida adulta.

A história é complexa ao criar todo um universo em que convivem raças completamente diferentes: humanos, anões, elfos, moredhels (elfos negros), goblins… todos parte de um contexto fantástico. Por isso soou estranho para mim utilizar a palavra “alienígenas”, que tem um contexto de ficção científica, para definir os invasores de Midkemia. Os tsuranis que vem de uma outra dimensão possuem, pela descrição do autor, a aparência de orientais, mais especificamente japoneses. Inclusive as palavras do idioma soam extremamente japonesas, assim como a ideia de honra, clãs, hierarquias militares…

Apesar de complexo, o livro deixa algumas pontas soltas, como o motivo da invasão dos tsuranis que não fica completamente claro, ou a própria política hierárquica do império em Midkemia, e até mesmo as esferas mágicas divididas entre os sacerdotes e os magos. Também não fica muito claro qual é o papel das mulheres neste universo.

O livro não segue somente a história de Pug, em dado momento da narrativa ele e Tomas se separam e passamos a ouvir a voz do jovem espadachim, somando a visão de outras partes e de outros personagens ao todo. Além disso o tempo passa muito rápido! Depois do primeiro terço do livro, que é a apresentação dos personagens e de Crydee, rapidamente correm três anos de história. De certa forma achei isso ruim porque não é possível perceber ou acompanhar o avanço das habilidades tanto de Pug quanto de Tomas.

Eu queria saber o quanto Pug conseguiria evoluir, visto que no começo, quando ele é selecionado para ser o aprendiz do mago Kulgan, apesar de possuir claramente aptidão e habilidade para a tarefa, ele tem algum tipo de bloqueio natural que o impede de realizar efetivamente a magia. Não fica claro se ele conseguiu superar essas dificuldades iniciais.

É por isso que eu quero o quanto antes ler Mago Mestre! Quero pirotecnia! Quero romance! E quero entender o que ficou em aberto em Mago Aprendiz!


Até a próxima! o/

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1 comentário

  • Responder Ize Chi 24 jan 2014 at 08:47

    Hahaha “quero pirotecnia” foi ótimo xD
    Bom, eu confesso: não sou chegada a histórias de elfos, anões e afins. Não, não curto Senhor dos Anéis (tem nerd querendo me matar…). Acho que o último que li nesse universo foi da série As Crônicas do Mundo Emerso, da Licia Trossi. E só tive paciência para a leitura de 6 dos 9 (ou 10?) livros dela situados nesse mundo…
    Mas, de toda forma, anoto sua indicação, caso eu precise dizer para alguém se esse livro é bom :)

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